As raças autóctones portuguesas fazem parte do património histórico e cultural de Portugal e são parte integrante dos territórios rurais, onde desempenham papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas e na fixação das populações. Estão oficialmente reconhecidas 47 raças autóctones.
Os sistemas de produção e comercialização de cada uma destas raças são moldados pelas condições socioculturais e agroecológicas particulares das regiões onde são produzidas. Do ponto de vista institucional e de governança estão devidamente enquadradas por Associações de Criadores, com responsabilidade na gestão dos Registos Zootécnicos e respetivos Livros Genealógicos.
As raças autóctones constituem um património genético único e insubstituível que importa preservar. Neste sentido, várias têm sido as estratégias e programas nacionais, europeus ou da FAO visando a conservação e melhoramento das raças autóctones. Todavia, e como é sabido, a quase a totalidade das raças autóctones portuguesas encontram-se em risco de extinção. A produção animal responde às pressões exercidas, sejam elas de natureza política, social ou tecnológica, numa procura constante de equilíbrio, dramaticamente dependente do contexto. Consequentemente os produtores estruturam a sua atividade em resposta a estas pressões. Depois de passados XX anos sobre a introdução de medidas de apoio à produção das raças autóctones, a panorâmica da produção mudou e as estratégias definidas pelos criadores certamente evoluíram desde então, na tentativa de manter a competitividade e sustentabilidade do sistema.
Contudo, acreditamos que estas raças podem ainda desempenhar um papel capital na economia nacional, regional e local, seja através das indústrias de carnes frescas ou enchidos, do leite e lacticínios, da ligação à gastronomia e ao turismo agroambiental, seja através da sua integração em eventos tradicionais de cariz cultural que caracterizam as regiões onde as diferentes raças se encontram referenciadas. Pelas particularidades do seu sistema de produção, devidamente integrados em sistemas de agricultura multifuncionais, as raças autóctones podem ainda desempenhar papel fundamental na preservação da biodiversidade e na definição da paisagem típica dos espaços rurais.
É neste quadro que o CETRAD e o CECAV da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), e o Centro Tecnolóxico da Carne (CTC) tomaram a iniciativa de organizar o Congresso Ibérico subordinado ao tema “Raças Autóctones, Economia Local e Paisagem Rural”.
Objetivos fundamentais do Congresso:
• Objetivo 1 - Abordar o interesse histórico, atual e potencial das raças autóctones portuguesas na perspetiva da sustentabilidade global dos territórios;
• Objetivo 2 - Contribuir para colocar as raças autóctones no centro da agenda nacional no que respeita a políticas agrícolas agroambientais e de desenvolvimento dos territórios rurais;
• Objetivo 3 - Promover uma ampla discussão e cooperação no âmbito nacional e ibérico para aumentar a conscientização e entendimento dos desafios que as raças autóctones enfrentam;
• Objetivo 4 – Partilhar e discutir estratégias de mercado para valorização dos produtos tradicionais e oriundos das raças autóctones, através da sua tipificação e diferenciação.
Convidados
Antonio Xende Barbeito (Ternera Gallega); Jorge Azevedo (UTAD); Vitor Barros (INIA); Maria Raquel Lucas (UÉVORA); Fernando Albino (Carne Alentejana); Alfredo Teixeira (IPB).
Organização
Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (CETRAD/UTAD), Centro de Ciência Animal e Veterinária (CECAV/UTAD) e Centro Tecnolóxico da Carne (CTC).
Parceiros do Evento: CECAV - Centro de Ciência Animal e Veterinária ; CTC - Centro Tecnolóxico da Carne ;
Link: Congresso Ibérico: Raças Autóctones, Economia Local e Paisagem Rural
Programa do Evento: Congresso Ibérico: Raças Autóctones, Economia Local e Paisagem Rural