O seminário reúne três investigadores do projeto de investigação ‘Atrás da Câmara: Práticas de Visualidade e Mobilidade no Filme Turístico Português’ (EXPL/IVC-ANT/1706/2013), executado entre Abril de 2014 e Setembro de 2015, para refletir sobre as principais premissas teóricas e metodológicas deste trabalho, a experiência da sua implementação e alguns dos seus resultados. No centro estará também uma reflexão sobre o uso de imagens em movimento para efeitos de investigação, nas ciências sociais e humanas. O seminário encerrará com a apresentação do livro Viagens, Olhares e Imagens: Portugal 1910-1980 (Lisboa: Cinemateca Portuguesa–Museu do Cinema, 2017), resultante desta pesquisa.
1. Caminhos caminhados e por caminhar | Sofia Sampaio | psrss@iscte-iul.pt
Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) & Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL)
O projeto ‘Atrás da Câmara: Práticas de Visualidade e Mobilidade no Filme Turístico Português’ (EXPL/IVC-ANT/1706/2013) tinha como objetivo geral contribuir para o conhecimento das práticas cinematográficos e turísticos que se desenvolveram no Portugal do século XX, a partir da análise de imagens em movimento depositadas no Arquivo Nacional de Imagens em Movimento da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema (ANIM). Revisitando algumas das premissas que estiveram na base deste projeto, farei um balanço do trabalho realizado e dos resultados alcançados. No final, resta uma grande pergunta: o que fazer a partir daqui, em que direção é possível (e desejável) avançar?
2. A vida nos arquivos | Gonçalo Mota | goncalm@utad.pt
A pesquisa arquivística sempre foi um “campo” recorrente no trabalho etnográfico. A par do trabalho de campo in situ, a antropologia portuguesa de forma mais ou menos recorrente tem usado os arquivos municipais, bibliotecas pessoais, diários, livros de contas, espólios fotográficos familiares ou comerciais na sustentação das suas investigações. Apesar desta atração pelos arquivos, parece que os arquivos de imagem em movimento não têm merecido uma especial atenção da disciplina. A especificidade ontológica da imagem fotográfica em movimento e do som é reveladora de mundos, mesmo que “passados”, que podem ser determinantes na construção do conhecimento antropológico contemporâneo, quer pelo que se vê e ouve como por aquilo que permanece do ‘atrás da câmara’.
3. O Império em Imagem. As Atualidades de Angola e os Arquivos Audiovisuais | Marcos Cardão
A preponderância da cultura escrita nos estudos historiográficos tende a secundarizar um conjunto de fontes e arquivos que se afiguram fundamentais para interpretar o século XX. Se no contexto internacional existe sedimentada uma pesquisa sobre o colonialismo em fontes visuais, em Portugal esse trabalho ainda é incipiente. Normalmente negligenciadas pelas investigações históricas realizadas sobre o colonialismo português, os jornais de Atualidades publicados em Angola constituem uma fonte indispensável para analisar o colonialismo português tardio. Desde logo, porque permitem ilustrar os principais fundamentos do sistema colonial português, perspetivar as suas ambiguidades e contradições, observar as suas representações, e verificar como se produziu uma cultura colonial em imagens. Admitindo que o trabalho de investigação nos arquivos audiovisuais coloca desafios aos processos de escrita da história, e aos seus fundamentos metodológicos, nesta apresentação pretende-se assinalar as possibilidades abertas pelos cruzamentos entre cultura Audiovisual e império.
Parceiros do Evento: UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ;
Programa do Evento: SPID - Atrás da câmara, através do arquivo: revisitando um projeto de investigação