Reportado em 2015-03-23 por Veronique Joukes
Em 18 de março de 2015, na 3ª sessão do ciclo de seminários que a licenciatura em turismo da UTAD organiza, focou a sua atenção numa temática ainda pouco debatida: “Os barcos-hotel no Douro e a sua relação com o terroir”.
Atualmente professor auxiliar convidado do Departamento de Economia, Sociologia e Gestão da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real) e quadro técnico superior da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, Alexandre Guedes destaca-se pela sua formação de licenciatura, mestrado e doutoramento na área do turismo.
Em 18 de março de 2015, na 3ª sessão do ciclo de seminários que a licenciatura em turismo da UTAD organiza, focou a sua atenção numa temática ainda pouco debatida: “Os barcos-hotel no Douro e a sua relação com o terroir”, ou seja, com a região que circunda o Douro, seja qual for a delimitação geográfica escolhida (vale do Douro, Região Demarcada do Douro, Alto Douro Vinhateiro – Património da humanidade). Começou por lembrar que os 208 km que o Douro percorre em Portugal se tornaram navegáveis para tráfego comercial a partir de 1994, graças à construção de 5 barragens. A introdução de barcos-hotéis neste rio é ainda mais recente e ao fazer isso, inverteu-se o sentido predominante do trânsito fluvial, que é agora a montante. Em 2014 foram contados 13 barcos-hotéis, ou seja 14% de todas as embarcações registadas no Douro, que podem medir 78 com 11 metros e ter uma capacidade de 128 passageiros, espalhados por 62 cabines. O número de passageiros que levam continua a crescer (18% em média por ano entre 2007 e 2014), tendo chegado a 53.070 passageiros em 2014. Porém, este valor representa apenas 9% de todos passageiros que participam em excursões neste rio (same-day-visitors) o que significa que a maior parte de quem embarca no Douro o só faz para poucas horas.
Chamou também a atenção para outra diferença a nível da procura: enquanto os passageiros dos barcos-hotéis são maioritariamente (97% em 2013) estrangeiros, os passageiros dos cruzeiros de curta duração (1 dia no máximo) contam com 94% de portugueses. Também o setor do alojamento no terroir depende do mercado nacional (74%). Há outro fator que diferencia os vários segmentos sob auscultação: a taxa de ocupação. Nos barcos-hotéis ela é de 76% (valor médio entre 2010 e 2013), enquanto os cruzeiros de curta duração contam com uma ocupação de 31% e o alojamento em terra, ainda menos 27% (em 2013). Concluiu que estamos a falar de segmentos sui generis que todos eles ainda podem crescer e para fazer isso, devem explorar o trabalho em rede. Os parceiros deveriam sentar-se à mesa e refletir sobre a criação de paquotes que permitem uma maior permeabilidade entre as partes envolvidas: os passageiros dos barcos-hotéis poderiam receber mais opções de escolha; quanto às atividades em terra, os cruzeiros de curta duração poderiam refletir sobre fórmulas que integrassem serviços de animação turística “em terra”.
No dia 25 de março de 2015 José Maria Magalhães, Vereador para o pelouro de Animação e Turismo da Câmara Municipal de Vila Real, debaterá “As políticas do turismo em Vila Real: que políticas do turismo são precisas?”. Nos dias 8, 15, 22 e 29 de abril das 18:00 às 20:00 seguem outros 4 seminários sobre as Corridas de Vila Real e a sua importância para o turismo, sobre o site de vendas do operador turístico Reino Maravilhoso, sobre o perfil dos turistas em ambiente rural e sobre a promoção e venda de produtos turísticos via os media sociais. Sejam bem-vindos. A entrada é gratuita. Para mais informações, é favor consultar http://www.cetrad.info/static/docs/eventos/215.docx. [Veronika Joukes]